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Danças e rituais indígenas

Em Mato Grosso as maiores expressões de arte entre as comunidades indígenas se dão em forma de músicas e danças. Todo o processo é conhecido como Rituais. A cultura local é vivificada mantida e preservada, e muitas vezes repassada de geração a geração através dos rituais. No Brasil, depois de 500 anos do descobrimento, ainda restam pouco mais de 215 nações indígenas e 170 línguas diferentes. No Alto Xingu, onde está localizado o maior parque nacional indígena demarcado do país, vivem hoje 16 etnias.

Ao contrário das celebrações do homem branco, nas aldeias são momentos de gratidão e de venerar seu Deus. As danças são realizadas com fins específicos, como casamentos, batizados, gratidão pela boa colheita, e luto, como é o caso do Kuarup, o maior e mais importante ritual indígena do Alto Xingu.

O Kuarup é hoje uma das maiores festas tradicionais indígenas. É uma reverência aos mortos ilustres da aldeã depois de um ano de luto. Representados por trocos de uma árvor sagrada chamada Kam’ywá, é uma cerimônia dos índios do Alto Xingu, em Mato Grosso.

O ritual do Kuarup dura sempre dois dias, o primeiro de lamúrias, lamentações, choros e despedidas. Os índios, com muita dança e canto, colocam os troncos em frente ao local onde os corpos dos homenageados estão enterrados.

Os filhos, filhas, esposas e irmãos choram o ente perdido e enfeitam o tronco que simboliza o espírito que se foi. Os troncos são pintados com tinta de jenipapo e envolto com faixas de linhas amarelas e vermelhas. Sobre o tronco enfeitado são colocados objetos pessoais do homenageado, como o cocar de penas de gavião, o colar feito de conchas, a faixa de miçangas usada na cintura e outros objetos.

Cada morto é representado por um tronco de árvore. Durante toda a noite, os familiares choram por seus entes queridos. No meio da noite fria, índios visitantes que estão acampados fora da aldeia vêm até o centro dela buscar tochas num lindo ritual do fogo, que será usado para aquecer a madrugada. Esse ritual do choro dura a noite toda. Quando o sol vem raiando, encerra-se o choro, e na manhã de domingo, começa a luta “huka-huka”, uma demonstração de força e vigor entre jovens e adultos. Somente os homens participam da luta, os donos da casa, desafiam os visitantes. A luta dura a manhã inteira; antes do meio-dia, os troncos de madeira são jogados no rio, e dali por diante nunca mais os nomes dos mortos serão pronunciados na aldeia, para que eles descansem em paz. (Fonte: LAURISTELA, 2011, p. 159-181)

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